sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um oi inicial

Nunca fui boa com as coisas públicas. Com os discursos, com as exposições, com apresentações, recados, informes. Nunca gostei da idéia de que mais do que a meia-meia dúzia de poucos amigos meus ouçam, vejam ou sintam algo que venha de mim. As leituras em sala, os grupos de teatro, as apresentações de seminário sempre me reviraram o estômago. Nunca fui da "galera", de entrar no bar gritando pro dono descer as cervejas. Só depois de três cervejas.

Sempre escrevi, mal, no escuro, às escusas, escondido. Houve épocas em que escrevi mais, outras, quase nada. Um vez um amigo me perguntou se eu tinha um diário, se escrevia minhas "experiências''. Respondi que sim. Então ele perguntou se eu não tinha vontade de publicar, e eu respondi que não. E fiquei quieta. Mas pensei comigo: tem coisas que a gente não escreve pra serem lidas. Tem coisas que a gente escreve por que precisa escrever. Escrever pra mim, na verdade, sempre foi mais uma questão de que eu nunca frequentei analista do que de qualquer outra coisa. Às vezes resolve. Às vezes não. Mas sempre vale a pena. Tem vezes que escrever é como passar cândida na alma. Que me desculpem a comparação. Sou uma neurótica irremediável.

E contra toda minha prática de vida, por que uma hora ou outra a gente acaba sentindo necessidade de mudar, vou tornar públicas minhas besteiras mal formuladas e desembestadas. Dessa vez, no teclado.