tag:blogger.com,1999:blog-58400713939780195352024-02-07T08:56:46.118-03:00RecusandoSuzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.comBlogger10125tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-58484402488129468422012-05-22T20:27:00.001-03:002012-05-28T10:46:12.477-03:00Marcha das vadias.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mas por que usar essa palavra? Uma palavra tão horrível ofende qualquer mulher e horroriza qualquer pessoa. Mas por quê? Qual o significado dessa palavra? Para que ela é usada? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Essa é a questão. Vadia é uma palavra muito forte sim. É forte porque ofende muitíssimo. É forte porque remete ao pior tipo de papel que uma mulher poderia desempenhar: o da prostituta, objeto sexual, vagabunda jogada às ruas, às traças. Um ser que jamais será amado por ninguém porque não é digno. Uma figura suja, em quem devemos cuspir. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">É a mulher que abre a perna pra qualquer cara. Ou pra todos. É a mulher que vulgariza e mostra todas suas curvas, as partes mais íntimas, na rua. É a que desfila despudorada seu corpo infame e sujo (sujo porque à olhos vistos e alcançável). Não dizem que damos mais valor a tudo que não podemos ter? Pois a vadia é justamente a personificação daquilo que podemos ter facilmente e do valor que ganha por isso: nenhum. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A grande maldade desse discurso todo está no fato de que desconsideramos esse ser ‘infame’ enquanto ser ativo, possuidor de desejos e definidor de seus próprios passos. O terrível jogo de lógica que o moralismo dominante em nossa sociedade faz é o de tornar a mulher um bibelô intocável, boneca rosa de porcelana, quebrável, vagina transformada em tabu, sexo feminino transformado em tabu, </span><i style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">desejo</i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> feminino transformado </span><personname productid="em tabu. O" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;" w:st="on">em tabu. O</personname><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> masculino? Solta à vontade. E institui uma sociedade heterossexual. Pronto. Está posta a barbárie. Você cria mulheres assexuadas (ou com desejo sexual bastante reprimido, a ponto de só ser ativado - artificiosamente - no momento de satisfazer o desejo masculino) pra homens totalmente sexuados. Mas as coisas não andam funcionando bem assim. Algumas mulheres levantaram-se com desejos também. Sexuais. Mas não basta terem direitos? Agora querem direito ao sexo também? Pois foram justamente essas mulheres que se levantaram e que não assumiram o papel de boneca de porcelana, quebrável, indefesa, ‘inviolável’, com pouca ou nenhuma libido sexual, foram essas mulheres que receberam a denominação ‘vagabunda’. Vadia. Prostituta. Puta. Mulher da vida. Não vale nada. Nada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mulheres que falam de sexo, sim. Ou que não usam o meio tom da etiqueta pra conversar. A posição certa das pernas pra sentar. Que não falam baixo nem tocam pianinho quando um homem as ofende. Ou que sabem o que querem e quando querem. Que podem querer muito sexo. O suficiente, e vão pedir. Mulheres que pedem sexo? Mas não era papel pros homens? Em que mundo vamos parar? Os valores não são mais como os de antigamente... Mulheres que desempenham funções ditas masculinas, como seguir carreira, e virar chefe. Ou mulheres que decidiram que não querem filhos, simplesmente porque perceberam que não seriam felizes assim. Ou que decidiram que não querem casar. Ou que não farão para seus maridos o serviço doméstico que cabe a eles. Ou que não admitem que seus filhos sejam criados quase exclusivamente por elas. Que não admitem que os maridos tenham amigos de bar de sexta-feira, quando a recíproca não procede. Mulheres que não admitem que seu corpo seja tratado como mercadoria exposta em prateleira pelos outdoors, bancas de jornal, propagandas e programas da tv, filmes e piadas. Mulheres que não admitem que seu corpo seja sexualizado banalmente e SEM seu próprio consentimento. Que não admitem que sejam os homens que tomem decisões pelo seu corpo. Que não admitem e não vão admitir que homens tomem liberdades que não têm com seu corpo (da mulher).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKFibQMvlom8dNRG8NwhT9AFIYyXeyWHjDctD-qtJdqKMbgSeq3jA65zQprn2ZX6aOQx6VSbEObZUOnJAPySzq8-FYbzy0Wq4Bbdg3MEinRF-07baXJwUJGyH-3BAu_n-2W12MXEVr7xA/s1600/meu+corpo,+regras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKFibQMvlom8dNRG8NwhT9AFIYyXeyWHjDctD-qtJdqKMbgSeq3jA65zQprn2ZX6aOQx6VSbEObZUOnJAPySzq8-FYbzy0Wq4Bbdg3MEinRF-07baXJwUJGyH-3BAu_n-2W12MXEVr7xA/s400/meu+corpo,+regras.jpg" width="264" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcha das Vadias de Campinas - 24/09/11</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPgRbyJdCtVmqzj_q3lTwzg4c6bGfRInXIywnz-fS25BogjeHZPcfNJ2QdrmpwUtQxunVZ2qtffitFHW8mqSWTiTP8D35Jo73ansr4S_79Ae_sGOX6U9bFpRLY6aHpsIqlydqDKuUZGqg/s1600/vadia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPgRbyJdCtVmqzj_q3lTwzg4c6bGfRInXIywnz-fS25BogjeHZPcfNJ2QdrmpwUtQxunVZ2qtffitFHW8mqSWTiTP8D35Jo73ansr4S_79Ae_sGOX6U9bFpRLY6aHpsIqlydqDKuUZGqg/s400/vadia.jpg" width="265" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma das organizadoras da Marcha no Amapá</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mulheres que não vão admitir serem desvalorizadas, ridicularizadas, ofendidas e agredidas por tomarem todas essas decisões.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mulheres que admitiram, sim, serem chamadas de vagabunda, vadia, piranha apenas para que o significado funesto dessas palavras seja desconstruído, e pra que essas palavras percam a valoração tão carregada de preconceitos e moralismos que carregam consigo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Pra que, enfim, não haja mais palavra que contenha uma valoração de um tipo social (a mulher livre), uma valoração tão carregada de desigualdades e opressões e pra que os sentidos infames a que essa palavra remete sejam designificados. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O mesmo se passa com as imagens. Mas pra que as moças têm de ir pra marcha parecendo putas? Por que com sais tão curtas? Com tops tão à mostra? Meia arrastão?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Pra que a mesma imagem estereotipada seja quebrada e pra que adaptemos nossos olhos a verem seios à mostra sem pensar automaticamente <personname productid="em chupá-los. Pra" w:st="on">em chupá-los. Pra</personname> que adaptemos nossos olhos a verem bundas aparentes em calças apertadas sem associar à objeto sexual. Pra que possamos assim, ressiginificar as imagens também e, entender que:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJc_sPfMuOSOcKCLDrcb8F-FQRXazpbvd-q3dzEnWV_C9iIjiIcsQBacP56NO8HatVCzdYu24k7-RIcLKcnnVKe3UsSgHJP4qdYgNTdpH1XXkF1RdEFojfm07x22mTQhNfuZIrn0BrSgM/s1600/puta.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" height="354" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJc_sPfMuOSOcKCLDrcb8F-FQRXazpbvd-q3dzEnWV_C9iIjiIcsQBacP56NO8HatVCzdYu24k7-RIcLKcnnVKe3UsSgHJP4qdYgNTdpH1XXkF1RdEFojfm07x22mTQhNfuZIrn0BrSgM/s400/puta.jpeg" title="Marcha das vadias de Buenos Aires" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcha das Vadias de Buenos Aires - 19/08/11</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">- primeiro: um corpo pode ter milhares de funções que não a sexual – o corpo nu se apresenta na arte, em forma de danças, de desenhos de pinturas, fotografias/ corpo dos atletas que medem toda sua capacidade de resistência e velocidade/ corpo que sente a brisa do vento na barriga e peito e genitália.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">- segundo: mesmo que a pessoa queira sexualizar seu corpo quando põe uma saia curta, ela não está oferecendo ele pra todos na escolha da roupa, mas sim apenas na hora em que deixar isso claro. Uma saia não é em si já um convite sexual pra todos. É, pode ser, uma vontade de ser atraente para alguém ou para muitos. Mas qualquer passo à frente deve ser feito com o CONSCENTIMENTO DAS PARTES.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBtYnrPJNSaGcjexZ2N5x676BvRnm5N-QoLEkXe1TXhXGWCZtcUjvI8fyefu8jjNBdxA0qiuOkgCHCkD_GPQsyCuBNIQaNuBwrUQs3QNX4Xtvhj9_n7_35h9jSWNTthmESRy0fRyORukg/s1600/marcha-das-vadias-latuff-2011-eu-escolho-729x1024.gif" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBtYnrPJNSaGcjexZ2N5x676BvRnm5N-QoLEkXe1TXhXGWCZtcUjvI8fyefu8jjNBdxA0qiuOkgCHCkD_GPQsyCuBNIQaNuBwrUQs3QNX4Xtvhj9_n7_35h9jSWNTthmESRy0fRyORukg/s400/marcha-das-vadias-latuff-2011-eu-escolho-729x1024.gif" width="283" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
</div>
</div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-67829183140541249162012-04-23T11:59:00.001-03:002012-07-19T15:01:19.424-03:00Contra o infanticídio! Contra o aborto!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: left;">
Os argumentos de que ser contra aborto é ser à favor da vida são falhos. De que vida estamos falando? E a mulher que não quer ter um filho? E o homem que não quer ter um filho? E essas vidas, que já estão aqui? Ficar grávida tem de ser um desejo da mulher/casal, não um fardo, um acidente.<br />
<br />
E todo o discurso da responsabilidade, onde fica? Agora filho é boneca? Se ficou grávida, é porque tem condições de cuidar? É uma pessoa, em formação. Criar filho não é brincadeira. Não façamos de conta que pode ser feito a qualquer custo, nas condições mais adversas, sem ter consequências bastante problemáticas. Isso por que nem citei a maior parte dos casos de nascimentos, que são aqueles que acabam com tiro na cabeça no meio do morro. <span style="background-color: white;">Qualquer tipo de vida, à todo custo?</span><span style="background-color: white;"> </span><br />
<br />
Legalizar aborto não quer dizer torná-lo obrigatório. Quer dizer dar a liberdade de escolha para a mulher. Lembrando que legalizá-lo não o fará mais recorrente, como muitos alegam, mas apenas tornará segura uma prática JÁ executada por MUITAS mulheres (segundo dados IBGE, uma em cada 5 mulheres diz já ter feito um aborto, 20% das mulheres! - isso sem contar as que não dizem). Tornará segura a prática pois o aborto caseiro é a QUARTA maior causa de morte entre mulheres brasileiras. De que vida estamos falando?<br />
<br />
Precisamos realmente repensar nossas noções sobre vida. Mulheres que não tiveram direito à decisão estão morrendo. Mulheres de carne e osso. Mulheres com histórias. Totalmente formadas. Com vida psíquica. Com parentes. Mulheres com amig@s. Mulheres que já amam e são amadas. E o feto? O feto só existe a partir do 2º mês de gestação. Antes disso, cientificamente falando (já que muita gente acha que cientista é deus) não é feto, é embrião. E pros mais curiosos, embrião é conjunto de células, que no caso de uma gestação de um mês, é microscópico, impossível de ser visto a olho humano. <span style="background-color: white;">Ainda vamos insistir em imagens e discursos que com dois meses o "feto tem coração, sistema nervoso, braços, etc"? À troco de quê essas falsas informações?</span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6d-Jr42nL4I">http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6d-Jr42nL4I</a> </div>
</div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-66727483353825779922012-03-12T15:20:00.002-03:002012-03-23T11:51:26.716-03:00MENTIRA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">Ontem na tarde loura e de aquarela,</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">alguém me perguntou: “Como vai ela?</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">Como vai teu amor?” - Eu respondi:</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">” Não sei. Uma mulher passou na minha vida,</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">mas não lembro… ” E, nessa hora comovida,</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">como nunca lembrava-me de ti!</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">E menti por pudor… A mágoa que alvoroça</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">nosso peito é tão santa, tão pura, tão nossa</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">que se esconde aos demais.</span></span></div><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;">E se uma voz indaga contristada:</span></span></div><br />
<div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large; line-height: 18px;"><span style="color: white;">” Estás sofrendo?” - “Não, não tenho nada…”</span></span></div><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"></span><br />
<div style="line-height: 18px; text-align: right;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white;">E é quando a gente sofre mais…</span></span></div><div style="text-align: right;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="background-color: #f4cccc; line-height: 18px;"><span style="color: white;"><br />
</span></span></span></div><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 18px;"><div style="text-align: right;"><span style="background-color: #f4cccc; color: white;">Paulo Menotti Del </span><span style="color: white;"><span style="background-color: #f4cccc;">Picchia</span></span><br />
<a name='more'></a></div></span></span></div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-74887640427568689312012-03-12T15:12:00.005-03:002012-03-23T11:57:57.438-03:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4JQXy85iHfntKRAC2R8k_b21wW9m4HfIDe0Pzz0bn9EkulJuinv9p7BEddcTzG6g1Zccvn5xN2WSo3rhn-eIWA1Ry3EgvOZu53Ws5WSAc_wtZ_oeQXQxcGb2gMhtvucrSzVllMdBKcE/s1600/may+68.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4JQXy85iHfntKRAC2R8k_b21wW9m4HfIDe0Pzz0bn9EkulJuinv9p7BEddcTzG6g1Zccvn5xN2WSo3rhn-eIWA1Ry3EgvOZu53Ws5WSAc_wtZ_oeQXQxcGb2gMhtvucrSzVllMdBKcE/s640/may+68.jpg" width="426" /></a></div><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 18px;">Com a devida crítica. Pra que a gente nunca esqueça do passado para agir no futuro, claro, mas que não pense que o futuro é repetição exata do passado. Pensar com as mesmas armas de 68, é viver 68 e encontrar saídas para 68. Anacronismo não </span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-size: 13px; line-height: 18px;">ajuda o movimento. Nossa conjuntura é outra, com suas peculiaridades, e nossas estratégias de luta devem se basear justamente na conjuntura e contexto em que nos encontramos. Maio de 68 certamente é um guia para todes nós, mas não vamos ficar com fetichismos e repetições à exaustão de cenas que já se passaram, de símbolos que já fizeram sentido e de práticas que já surtiram efeito.</span></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />
</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 18px;">"...NÃO DEVEMOS SERVIR DE EXEMPLO A NINGUÉM. MAS PODEMOS SERVIR DE LIÇÃO". </span></span><br />
<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />
</span></span><br />
<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 18px;">Mário de Andrade.</span></span></div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-25867340781945359422012-03-09T11:28:00.000-03:002012-03-09T11:28:03.494-03:00.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlX-IP4Roy3hqgPRSPPAXQo00zbKP-qw0zh_N2qJ8moDe1zggGZ3dg-zPsLN8ArUehpp7Plc7H5FkSRaq_52cRoaNpPs9QcwZes2VBakVA1KhPKiMZHhPL5VyXF2eZtQ4CCv-R6G8Bhwk/s1600/foto10cul-802-artemoder-d22.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlX-IP4Roy3hqgPRSPPAXQo00zbKP-qw0zh_N2qJ8moDe1zggGZ3dg-zPsLN8ArUehpp7Plc7H5FkSRaq_52cRoaNpPs9QcwZes2VBakVA1KhPKiMZHhPL5VyXF2eZtQ4CCv-R6G8Bhwk/s320/foto10cul-802-artemoder-d22.jpg" width="320" /></a></div><br />
</div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-13886387328832492022012-03-08T19:46:00.003-03:002012-07-19T15:05:24.000-03:00Dia das amélias<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Parabéns. [mas parabéns pelo quê mesmo?] Acho que muitas mulheres ouviram isso hoje. Eu ouvi, apenas uma vez, mas ouvi. A pessoa que me falou, não contente com a parabenização, decidiu-se por contar uma piada, que na hora definiu como <i>poema</i>. Era o seguinte:<br />
<br />
Um homem pergunta pra outro:<br />
- Mulher gosta de apanhar?<br />
- As normais sim. As histéricas devolvem.<br />
<br />
Não sei por que raios esse amigo me contou isso. Mas ok. Vou tentar entender > Esse amigo, até o que eu sei, nunca bateu em nenhuma mulher e ele mesmo já me disse que acha isso horrível. Então seria por isso que ele vê graça no diálogo, por ser muito absurdo, muito grotesco. A piada se faz pela utilzação do esteriótipo (mulher que apanha de homem) e pelo inesperado desumanismo: apanha e tem que gostar, a que não gosta, não é normal.<br />
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Mas a piada não tem nenhuma graça simplesmente porque é um dado da realidade.<br />
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Temos a porca mania de rir de desgraças, supondo que já estão superadas. Tipo racismo, machismo homofobia. Porca mania. Se mulheres ainda apanham em todos os cantos do Brasil e do mundo, então não, uma piada de mulher que apanha não tem graça. Segundo o IBGE, em 68,7% dos casos de violência contra a mulher registrados em 2010, o agressor é o marido, namorado ou companheiro da vítima. Ainda segundo dados da ONU, uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência doméstica durante sua vida. <span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></span>Ou seja, se você tem duas amigas muito próximas, tem probabilidades estatísticas de ou ser uma das agredidas, ou de atender num belo dia de quarta-feira uma delas chorando ao celular por motivos neolíticos. E ainda tem grandes chances de achar que é uma exessão, um acaso chato, que ela foi escolher logo um troglodita pra namorar. A violência contra a mulher é responsável pela metade (em 2009, 52,3%) dos atendimentos para o Ligue 180. Casos de lesão corporal leve, grave e gravíssima, além de tentativa de homicídio e assassinato.<br />
<br />
<br />
O triste é que esses casos de violência são encarados como violência passional, conjugal, e aí sempre entra aquele papinho de que em "briga de marido e mulher não se mete a colher", de que relações humanas, principalmente as amorosas, são muito complicadas mesmo e que "a gente sempre acaba perdendo a cabeça"... Detalhe é que no meio desses casos nunca se menciona que, numa briga conjugal, quem apanha e sai ferida, e em último caso, morta, é sempre a mulher. Sempre ou em 95% dos casos. <br />
Então não é uma questão conjugal, se sempre só uma das partes é que agredide, e por conseqüência, só a outra sai agredida, certo? Se fosse meramente briga de casal, os dois se estapevam, ou mutuamente se esfaqueavam e "tudo quite". Não é de violência conjugal que estamos falando.<br />
É de violência doméstica, sim,<br />
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<br />
mas contra a mulher. <br />
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Muitos desses casos acabam em lesões corporais pro resto da vida da vítima, problemas psicológicos, perturbações sociais, morte, ou mesmo uma experiência terrível na memória. Tudo isso pode ser evitado com políticas públicas de visibilidade da mulher e de sua condição na nossa sociedade, sem medo de dizer o quão atrasados e feios são nossos problemas e deficiências para lidar com gênero, o quão machista, SIM, ainda são nossas brincadeiras, costumes, diálogos, piadas, modos de diferentes e DESIGUAIS de abordar os sexos. <br />
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<br /></div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-40188934452460618652012-03-02T15:11:00.006-03:002012-03-23T12:38:13.946-03:00A pele que habitamos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Esse texto aqui pretende-se crítica de cinema. Pretende-se reflexão de gênero. Pretende-se dizer o que é certo e o que é errado. Como todos os textos do mundo, no fim das contas. Fica ao leitor ponderar, refletir, ouvir o que talvez ainda não tenha ouvido. E concordar, ou não, ou com ressalvas, ou não. Fica a mim colocar pra fora, dizer.<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHzkzsjE2noqBlo2419jX2guj9DeS3XbxhV_NMS6NomWaO9XBW8PpPW5DgifoUeanDblvFJEa8KIatmvhXT5OS8PvP454COm39Mrx9APee09JvQn0QdLYIlBPnkUEtzgpMxHurvflQzog/s1600/A+pele+que+habito+-+11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHzkzsjE2noqBlo2419jX2guj9DeS3XbxhV_NMS6NomWaO9XBW8PpPW5DgifoUeanDblvFJEa8KIatmvhXT5OS8PvP454COm39Mrx9APee09JvQn0QdLYIlBPnkUEtzgpMxHurvflQzog/s640/A+pele+que+habito+-+11.jpg" width="640" /></a></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><o:p><br />
</o:p></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Ontem, ao sair do estágio, no ônibus a caminho de casa, vi a propaganda de um filme chamado <i>Histórias Cruzadas</i>. Como a temática era mulheres e o tema me interessa, de súbito mudei de idéia: voltei o caminho < fui para a Augusta: lá quinta-feira é dia de cinema barato. E fui já tendo escolhido o filme. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Mas que SUFOCO pra chegar lá! Muito para além do calor desabitual que anda fazendo esses dias, o transporte público é o caos. A organização urbana de São Paulo é uma terrível piada de mau gosto. O ônibus não anda. Fica simplesmente parado durante minutos no mesmo lugar. Lá dentro, o calor é denso, solar, amarelo. Calor Sujo e ligeiramente Fedido. O ar, uma massa pesada e dura. Lá dentro o calor faz derreter os corpos. Derreter, mesmo, não brinco. Nem exagero. Vi peles derretendo ali. A minha própria pele derreteu. Eu senti, Ela me escorrendo pelas têmporas, no meio dos seios, nos tornozelos e costas. Minha roupa foi ficando toda encharcada de pele. Pele (des)umana. Condição desumana.<br />
<br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Chegando, finalmente, no cruzamento da Paulista, desci. Comi. Xixi.</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Aí fui descendo direto para o Cine Unibanco. Sessão <i>A pele que habito</i> exatamente dali à dez minutos. Sorte. Era esse. E não o outro. Todos haviam indicado, mas resisti, por ser Almadóvar. Sempre me desagrada. Já vi vários. Mas um comentário de amiga me fez mudar de idéia: mas Sô, tem uma questão de gênero muito forte! Então tinha que ver. Não tinha?</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">A narrativa vai e vem. No começo não se entende ao certo quem é a paciente do cirurgião. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Não sei por onde começar. Talvez pela questão que mais me chamou a atenção. O desespero das pessoas ao assistir a cena em que o cirurgião conta ao paciente que fez uma vaginoplastia. A sala de cinema nitidamente se chocou. O filme chocou por essa cena. Há um vídeo no youtube que diz: "A frase mais assustadora do século".<u><span style="color: blue;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=LiLJPlifDSA&feature=related"> http://www.youtube.com/watch?v=LiLJPlifDSA&feature=related</a></span></u></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">O que me pergunto é: por que tal procedimento choca tanto? Perder um pênis para ganhar uma vagina soou dolorosamente terrível para muitos homens naquela sala de cinema, pelo que pude perceber. Me ponho a perguntar o por quê e duvido que seja apenas pela questão, muito importante e delicada, claro, de ser uma cirurgia não consentida.<br />
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</strike><br />
<div style="text-align: left;"><span style="color: #073763;">Há algo de terrível em “perder” o pênis. </span></div><br />
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Perder entre aspas, pois não é perder um membro do corpo, mas sim <i>substituir </i>um órgão genital por outro, nada se perdeu em termos funcionais.</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">E duvido irredutivelmente que seja pela transformação <st1:personname productid="em si. Isto" w:st="on">em si. Isto</st1:personname> porque não seria uma questão de mero apego à forma original do corpo como um todo, uma questão meramente naturalista. Se fosse assim, não existiriam no mundo os cabelereiros com suas milhares de escovas progressivas, alisamentos, tinturas, não existiriam os bronzeamento artificiais, o silicone, a musculação (as ditas “bombas” de massa muscular que fazem crescer verdadeiros travesseiros dentro dos corpos masculinos), as dietas de emagrecer <st1:metricconverter productid="30 kg" w:st="on">30 kg</st1:metricconverter>, as de engordar... As tatuagens, às vezes cobrindo o corpo com uma segunda pele, alheia à primeira; os piercings, alargadores transformando o desenho do rosto e, consideravelmente, o tamanho das orelhas... Depilação então... Pelo é parte integrante e de proteção do corpo... Conheço muitas mulheres que depilam os pelos da vagina e das axilas. <i>Depilam.</i> (leia-se: arrancar da raiz mensalmente).</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Claro que tenho minhas preferências com relação a uma ou outra dessas transformações citadas, e tenho também críticas em relação à brutalidade que representa para o corpo uma ou outra. A questão é: a pessoa <i>quis </i>executar a transformação? É maior de idade? Podemos garantir que não foi meramente lavagem cerebral de sociedade de massas com seus modismos generalizantes? OXI, então que ela <i>faça</i> essa transformação, meu deus!</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIsRUQ96YbgpXQvXTgMHq-IJv5-pQeFre2kHsm7oKXXKK6N7cqIll1HSvkNM2ePtnrpj95KA2kecdFFdw65zZnN5B4YiVZU1YpwlwOZxtLqfOhhfQKJyg4MEbB6pSE7rVdpKfc9-1F6oo/s1600/A-Pele-que-Habito.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIsRUQ96YbgpXQvXTgMHq-IJv5-pQeFre2kHsm7oKXXKK6N7cqIll1HSvkNM2ePtnrpj95KA2kecdFFdw65zZnN5B4YiVZU1YpwlwOZxtLqfOhhfQKJyg4MEbB6pSE7rVdpKfc9-1F6oo/s320/A-Pele-que-Habito.png" width="320" /></a></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><o:p><br />
</o:p></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><o:p><br />
</o:p></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">O que choca no filme não é a transformação do corpo. Isso nossa sociedade faz à rodo. É a transformação de uma parte definida do corpo que choca. Transformação do <i>sexo</i>. Pênis por vagina. E, portanto, na nossa sociedade, isso implica em transformar o <i>gênero</i> também (formas de comportamento, vestimenta, trejeitos, preferências e gostos, tom de voz, habilidades, etc.), e por consequência, em última instância, a <i>identidade</i>. Assim temos que, quase como numa equação matemática, trocar o sexo (procedimentos físico, material) implica em trocar a identidade (caractere subjetivo, cultural).</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Logo, é o gênero que está em questão, o sexo, a sua identidade masculina, no caso.<br />
A transformação (e não perda, visto que houve uma substituição) não por si só, mas a <b><i>simbólica</i></b>, que acarreta em signos e significados. De repente, o falo se perde, não existe mais. Onde ele estará? Não importa. O personagem não o possui mais como parte integrante de seu corpo. Não possui o símbolo da masculinidade, a força que esse símbolo traz no imaginário social. E isso soa como dolorosa e terrível tragédia.</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Mas e se fosse o contrário, minha gente? E se fosse uma mulher perdendo sua vagina e ganhando um pênis? Seria encarado com tanta dor e desespero assim? Me parece que o pênis tem um valor simbólico muito maior do que a vagina. Freud mesmo, figura inestimável pros estudos psicanalíticos, afirmava que a vagina era encarada pela psique, tanto dos homens, quanto das mulheres, como uma ausência, uma falta (discorro sobre isso no segundo post desse blog, o que se chama “uma promessa não cumprida”). Algo que devia estar ali e não está. O que é uma baboseira sem precedentes. Todes sabemos que o órgão genital feminino é interno e o masculino externo. Não há falta de nada. Tudo que um tem o outro também possui, ou possui em outros termos. O que há são diferenças anatômicas. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">E é interessante pensar me como todo esse desespero também remete ao quanto as pessoas estão preparadas para lidar com os travestis: zero. E isso é bem perceptível quando se passa perto de um e o pai diz: “Cuidado filha, travesti é tudo barra pesada, ex-presidiário, nunca passa perto deles, que é muito perigoso!”. Ou “Que coisa mais nojenta, não posso nem ver um travesti que tenho vontade de sair correndo” ou Pior: “de bater”. E batem. Em travestis, em gays... e por aí vai. Até a morte, muitas vezes. Ou até a desconfiguração total do rosto. Distúrbio sexual? ONDE ESTÁ O DISTÚRBIO MESMO???</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGx0j98EQEm-Ok3eyJmj0wD5r_j-iNQmvhQkDoLGUdWfmaJKX99rDFuCkFXKtm4mXdACQh67JUqNCWrt3PrpdU4xG6Yl6k8o8YcoQgaQWwBV0POPcdGhurEMQCXR8Z27oaY_0b8EuIpoE/s1600/La+Piel+que+Habito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGx0j98EQEm-Ok3eyJmj0wD5r_j-iNQmvhQkDoLGUdWfmaJKX99rDFuCkFXKtm4mXdACQh67JUqNCWrt3PrpdU4xG6Yl6k8o8YcoQgaQWwBV0POPcdGhurEMQCXR8Z27oaY_0b8EuIpoE/s640/La+Piel+que+Habito.jpg" width="640" /></a></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Me deixou chocada também a falta de sensibilidade tanto do diretor no tratamento do estupro (como já aconteceu em outros filmes seus) quanto a recepção à cena que a platéia teve. Risadas. R i s a d a s.</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Por quê?</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Tento entender, mas qualquer explicação me escapa. Não consigo. Pra mim é pura falta de sensibilidade, de humanidade. Pra mim, tem coisas que jamais serão engraçadas. Sequer minimamente cômicas. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">A cena é interessante por que, quando se assiste não se sabe, mas é um homem estuprando, no limite, outro homem. A mulher estuprada pelo tigre é o então moço, que já estuprou uma garota. Estuprador sendo estuprado. Estuprador tigre estuprando um homem, que parece a ex-cunhada, com quem teve um caso. Ah, se já teve um caso com ela, então não era estupro, vai? O que dizem os dicionários e nosso conhecimento popular: Estupro: sexo não consentido. Não é por que você namora ou é casada que vai sempre querer fazer sexo com o parceiro/a. Não é por que ela é sua esposa que você tem direito sobre o corpo dela. Sexo sem consentimento, sexo à força, sexo sem vontade por uma das partes é estupro sim. Não existe MEIO estupro. O que existe é uma mentalidade machista que pensa, ah, mulher não gosta de sexo mesmo, então eu sempre vou ter que convencer ela de alguma forma a transar comigo, nunca vai ser de pura vontade dela, então o homem sempre tem que dar uma forçadinha de barra mesmo, por que se não, não transa. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Mulher gosta SIM de sexo. O que acontece é que foi criada a vida inteira pra não gostar, porque se gostar de mais é piranha, não presta! E aí nenhum homem vai querer, e se quiser, é pra destratar, pra tratar igual objeto. E você não quer isto, certo? Nenhum ser humano quer. Nem um homem quer ser tratado igual objeto, descartado á qualquer momento. Nenhum homem. E aí, como se não bastasse, ela ainda aprende que o marido/namorado/ficante vai ter sempre mais libido do que ela. Então OK, ela vai ter que ceder mesmo quando não tiver vontade. E assim se naturaliza o machismo. Eu não quero. Ah, amor, vai, quer sim, só um pouquinho. Mas eu já disse que não quero. Ah, mas vc sempre faz isso, vai deixa, eu tô com tanta vontade. Mas eu não tô. Mas eu vou te deixar então. Ta doendo. Eu vou devagar. Ta... ( à contra gosto). Aí o que acontece é que ela, mesmo sem vontade, vai deixando, vai deixando. Depois não sabem por que mulher tem tanta dificuldade pra gozar. Martelam na cabeça dela a vida inteira que não é pra gostar de sexo, das maneiras mais cínicas possíveis: com uma puta liberação sexual, mas também com um aparato moral de fazer qualquer um se encolher. Puta! Piranha! Cachorra! Vagabunda! Ah, mas não presta mesmo, né? Corrimão. Ou de maneiras mais sutis: Os caras simplesmente conversam olhando pro seu peito, não desenvolvem com vc uma conversa que não seja relativa à sexo, e quando vc se interessa por um deles o tratamento é objetificante. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Pra pensar o quanto essas situaçãoes são machistas é só tentar inverter os sexo, e ver se os significados são os mesmos, se a freqüência com que essas situações invertidas acontecem. Não acontecem. Os significados não são, nem de longe, os mesmos.</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">À MERDA A MORAL E OS BONS COSTUMES QUE SÓ FAZEM NOS COLOCAR <st1:personname productid="EM CAIXINHAS CADA VEZ" w:st="on"><st1:personname productid="EM CAIXINHAS CADA" w:st="on">EM CAIXINHAS CADA</st1:personname> VEZ</st1:personname> MAIS MEDÍOCRES, TENTANDO DESFAZER AS CONQUISTAS QUE TIVEMOS ATÉ AGORA, À TANTO CUSTO. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Ainda a falta de maniqueímos me interessou no filme. Nem o estuprador é ruim ou coitado, nem o cirurgião é ruim ou bom. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Eu tava bêbado, não me lembro o que aconteceu. </div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">Mas eu não tava bêbado. E nunca vou esquecer. </div><div class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div></div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-11104949145822463282012-03-02T13:23:00.001-03:002012-03-07T10:51:34.863-03:00vagueando<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br />
</div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-68841407376449165062011-10-15T15:44:00.017-03:002011-10-16T21:53:01.625-03:00Uma promessa não cumprida<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Como é fácil perceber, não fiz aquilo à que me propus. Não coloquei no teclado minhas considerações diárias, não consegui superar aquela minha dificuldade de que falei no post acima, de alguns bons meses atrás. Minha dificuldade em tornar público se impõe. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> Mas se imporá nos próximos dias? Espero que não. Já faço com que não. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> A próxima postagem é vaga. A princípio, não defini tema...</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> Queria falar/escrever um pouco sobre uma experiência nova que tive esses dias. Fui à psicóloga essa quinta-feira. Vou começar a fazer análise. Sempre quis, desde os 17, mas minha mãe nunca permitiu. Dizia que nós mesmos devemos resolver nossos próprios problemas. Como nunca tive meu próprio dinheiro, e mal tinha minha independência, obedeci. E tentei me convencer sempre disso. Os grandes e pequenos conflitos sempre vieram, e mesmo sem um psicólogo, os gerenciei, a minha maneira, sozinha, e tentei resolver. Muitos desses conflitos foram intermináveis, inaceitáveis e insuportáveis. Outros, resolvi, do meu jeito. Saudável ou não, ainda persistem alguns fantasmas bem remotos. Outros, novos, novíssimos, ilustres, desconhecidos e atuais se fazem, a cada retomada, presentes. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A vida psíquica sempre foi meu maior problema. Minha maior dificuldade. As relações sociais, a lógica dos comportamentos, a conseqüência de atos e palavras, a maneira de se abordar, a naturalidade de uma conversa ou um novo amigo sempre me assustaram. Me amedrontaram mesmo. Às vezes, timidez chega a ser fobia. Os mudos da fileira da parede da 5ª série me entendem. As revistas de psicologia me entenderam. Quando menor, aos 16, 17, me confortava ao ler matérias na revista Mente e Cérebro, que quase foi responsável pela minha escolha em Psicologia, no vestibular. Quase. Prestei Audiovisual. Não passei. Faço Artes Plásticas, Visuais, pros mais modernos.<br />
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Enfim, o caso é que comecei esse semestre a fazer uma disciplina na Psicologia, chamada <i>Freud e Foucault: interlocuções pertinentes. </i>A matéria tem me parecido bastante interessante, apesar da minha ignorância na área. Foi aí que decidi começar psicólogo também. Mas algumas questões começaram a me inquietar no mísero contato que tive com esse campo. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A primeira inquietação foi ao ler um texto de Freud, intitulado <i>A dissolução do complexo de Édipo. </i>Só pra pontuar um trecho e uma reflexão de leiga, cito:</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div style="margin: 5pt 65.2pt 5pt 72pt; text-align: justify;"><i>O desenvolvimento sexual de uma criança avança até determinada fase, na qual o órgão genital já assumiu o papel principal. <u>Esse órgão genital é apenas o masculino</u>, ou mais corretamente, o pênis; o genital feminino permaneceu irrevelado [...] Quando o interesse da criança (<u>do sexo masculino</u>) se volta para os seus órgãos genitais, ela revela o fato manipulando-os frequentemente, e então descobre que os adultos não aprovam esse comportamento. Mais ou menos diretamente, mais ou menos brutalmente pronunciam uma ameaça de que essa parte dele, <u>que tão altamente valoriza</u>, lhe será tirada. <u>Geralmente é de mulheres que emana a ameaça;</u> com muita freqüência elas buscam reforçar sua autoridade<u> por uma referência ao pai ou ao médico, os quais, como dizem, levarão à cabo a punição.</u></i> [grifo meu]</div><div style="margin: 5pt 65.2pt 5pt 72pt; text-align: justify;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">E aí o autor segue. O que achei muito interessante observar é que Freud trata do Complexo de Édipo como um fenômeno “inato” e “hereditário”, nas próprias palavras do psicanalista. Mas temos, nesse parágrafo acima, uma série de considerações bem significativas sobre comportamentos humanos. Sociais, melhor dizendo. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Assim, primeiro ele cita o desenvolvimento do órgão sexual. Mas é o órgão sexual masculino. Apenas o masculino. No início desse texto, Freud não trata das questões relativas ao órgão feminino. E, segundo pesquisadora renomada com quem tenho aula, em grande parte de sua obra, ele também não o faz. Mas o fará, pisando em ovos<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">[1]</span></span></span></a>, ainda nesse texto, mais pra frente, onde cito já em breve<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a>. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Depois se diz que a ameaça de castração ao menino vêm geralmente das mulheres. Mas quem levará à cabo a punição é um homem (médico ou pai). E se diz ainda que a autoridade da mulher (mãe, etc.) é reforçada pela de um homem.<br />
</div><div style="margin: 5pt 65.2pt 5pt 72pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i>O clitóris na menina inicialmente comporta-se exatamente como um pênis, porém, quando ela efetua uma comparação com um companheiro de brinquedos do outro sexo, <u>percebe que ‘se saiu mal’</u><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">[3]</span></b></span></span></a> e sente isso como uma injustiça feita a ela e <u>como fundamento para inferioridade</u>. </i>[grifo meu]</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ele ainda diz que a criança (menino) valoriza altamente seu pênis. O que fico me perguntando é: por que o menino valoriza? É inata essa valorização? Ou é uma questão de valoração? Os <b>valores </b>que se constroem e se mantêm numa sociedade. Que são criados pela sociedade. Seria ingênuo ou maldoso afirmar que não se super valoriza o pênis. Até mesmo chegando a oprimi-lo, por esperar dele super poderes, o desempenho máximo: nunca brochar. E, por outro lado, por que a menina ‘percebe que se saiu mal’? Por que não valoriza sua vagina? É porque ela não aumentou de tamanho? E no final das contas, estamos falando de que? De desenvolvimento sexual, prazer ou de valores atribuídos a tamanhos? Jean Piaget, diz que a criança entende existência e importância pelo lugar que as coisas ocupam no espaço. Isso explicaria a negligência e abordagem dos estudos sobre a sexualidade feminina, e seu órgão genital, a vagina. Mas se tomarmos tal argumento, encontramos um furo: na medida em que o pênis do menino cresce, os seios da menina também crescem. E os seios, como bem sabemos, estão estritamente ligados à formação e desenvolvimento sexual da menina/mulher – tanto no sentido da sua função de prazer sexual, quanto no sentido de mantenedor da reprodução da espécie. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para completar, Freud fala em ‘inferioridade’ da mulher por ser castrada, não possuir pênis. E atentemos em que contexto! ‘Fundamento para inferioridade’. É o famoso conceito freudiano de inveja do pênis. Como se a <b>leitura</b> construída sobre a característica morfológica fosse necessariamente o significado, a verdade inquestionável da condição morfológica. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> Bom, só por aí, me pergunto: Freud, quando fez essas análises - estava sendo empírico, e disso nem eu duvido – mas o psicanalista encarou tais comportamentos analisados como inatos, hereditários, dados <i>a priori</i>, ou como reflexos de comportamentos sociais construídos e respaldados por regras sociais? A construção social interferiria na atividade psíquica, ou seria o inverso? Sendo o inverso, o pênis é de fato um grande valor, e mulheres, são sem dúvida, seres incompletos, nas palavras do próprio autor, “inferiores”.</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> Que todos os comportamentos e juízos de valor analisados no comportamento humano por Freud podem ser tranquilamente chamados de machistas, eu não tenho dúvida. O que me preocupa e inquieta é saber se o autor tomava tais análises do ponto de vista antropológico, histórico, cultural e mutável, ou se entende que essas situações que se repetem são dadas, inatas, e sempre vão ser assim, pois são da “natureza humana”. </div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;"> Pontuo isso porque recentemente tive contato com materiais aterrorizantes a respeito da idéia e valor que grandes pensadores, escritores, pintores, filósofos e cientistas expressavam terem de mulheres em citações bem selecionadas. Mas essa reflexão fica pra uma próxima postagem. E pra gerar curiosidade. ;)</div><div style="line-height: 150%; text-align: justify;">(continua)</div><div><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1"><div class="MsoFootnoteText"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 10pt;">[1]</span></span></span></a> “Deve-se admitir, contudo, que nossa compreensão desses processos de desenvolvimento em meninas em geral é insatisfatório, incompleto e vago”, Freud, pg 224.</div></div><div id="ftn2"><div class="MsoFootnoteText"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 10pt;">[2]</span></span></span></a> Também vale a leitura, para mim e para @ leito@r interessad@, dos textos <i>Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos,</i> 1925, p. 309 em diante (artigo) <i>e Sexualidade feminina, </i>1931, onde o autor trata com mais atenção a questão da sexualidade feminina. <i> </i></div></div><div id="ftn3"><div class="MsoFootnoteText"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5840071393978019535&postID=6884140737644916506#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 10pt;">[3]</span></span></span></a> Literalmente ‘saiu-se pequena demais’.</div></div></div></div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5840071393978019535.post-20206479743678660632011-02-05T14:54:00.003-03:002011-05-31T09:18:25.438-03:00Um oi inicial<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Nunca fui boa com as coisas públicas. Com os discursos, com as exposições, com apresentações, recados, informes. Nunca gostei da idéia de que mais do que a meia-meia dúzia de poucos amigos meus ouçam, vejam ou sintam algo que venha de mim. As leituras em sala, os grupos de teatro, as apresentações de seminário sempre me reviraram o estômago. Nunca fui da "galera", de entrar no bar gritando pro dono descer as cervejas. Só depois de três cervejas.<br />
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Sempre escrevi, mal, no escuro, às escusas, escondido. Houve épocas em que escrevi mais, outras, quase nada. Um vez um amigo me perguntou se eu tinha um diário, se escrevia minhas "experiências''. Respondi que sim. Então ele perguntou se eu não tinha vontade de publicar, e eu respondi que não. E fiquei quieta. Mas pensei comigo: tem coisas que a gente não escreve pra serem lidas. Tem coisas que a gente escreve por que <span style="font-style: italic;">precisa </span>escrever. Escrever pra mim, na verdade, sempre foi mais uma questão de que eu nunca frequentei analista do que de qualquer outra coisa. Às vezes resolve. Às vezes não. Mas sempre vale a pena. Tem vezes que escrever é como passar cândida na alma. Que me desculpem a comparação. Sou uma neurótica irremediável.<br />
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E contra toda minha prática de vida, por que uma hora ou outra a gente acaba sentindo necessidade de mudar, vou tornar públicas minhas besteiras mal formuladas e desembestadas. Dessa vez, no teclado.</div>Suzana Costas Longashttp://www.blogger.com/profile/16364075607329529034noreply@blogger.com1